Informação sobre micose, causas, sintomas e tratamento da micose, identificando o diagnóstico das micoses superficiais, cutâneas, subcutâneas, sistémicas e oportunistas, com dicas que pretendem contribuir para a prevenção da sua ocorrência.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Doença de Jorge Lobo

A doença de Jorge Lobo é uma micose de evolução crônica da pele e do tecido subcutâneo, caracterizada por lesões do tipo queloidiformes, verrucosas, nodulares e raramente por placas vegetanates, crostosas ou tumorais. Essa micose já foi descrita em brancos, negros e índios, não havendo evidências de maior suscetibilidade à infecção em determinado grupo étnico. Foi descrita pela primeira vez em 1930, em um paciente oriundo da região Amazônica, que apresentava lesões queloidiformes na região sacral. O professor Jorge de Oliveira Lobo, natural de Recife, Pernambuco, acreditou que o seringueiro apresentava uma nova enfermidade apesar da semelhança microscópica do agente com o P. brasiliensis e a denominou de blastomicose queloidiana. Depois disso, diversos autores descreveram a doença e nomes diferentes foram dados. Em 1940, Fonseca Filho & Arêa Leão, pela primeira vez, a denominaram Doença de Jorge Lobo. Outros nomes como Lobomicose, Blastomicose queloidiforme, Granulomatose blastomicóide, Blastomicose da Amazônia e Miraip foram usados. O agente desta doença é hoje denominado  Lacazia loboi, binômio introduzido por Taborda et al., em 1999, como uma homenagem ao Professor Carlos da Silva Lacaz, um ícone da história da micologia brasileira. A classificação taxonômica deste fungo sempre foi um desafio para os pesquisadores. Inicialmente classificado no gênero Glenosporella espécie loboi por Fonseca Filho e Arêa Leão em 1940, posteriormente, recebeu a classificação de  Blastomyces brasiliensis (CONANT & HOWELL, 1942),  Glenosporopsis amazonica (FONSECA FILHO, 1943), Blastomyces loboi (LANGERON & VANBREUSEGHEM, 1952), Loboa loboi (CIFERRI et al.,1956), Lobomyces loboi (BORELLI, 1958) e Paracoccidioides loboi (ALMEIDA & LACAZ, 1948). Essa micose é predominante na região Amazônica e afeta especialmente trabalhadores rurais que vivem em contato constante com a vegetação e o solo, como é o caso dos seringueiros desta região. Por não se tratar de doença de notificação compulsória, a sua real prevalência é desconhecida. O diagnóstico precoce desta doença pode significar  melhor prognóstico, pois não existe tratamento medicamentoso eficaz, sendo a remoção cirúrgica o tratamento mais utilizado, embora em muitos casos ocorra o aparecimento de novas lesões. O acompanhamento dos pacientes submetidos à exérese cirúrgica se faz necessário por longos períodos, antes de serem considerados como curados da micose.