Informação sobre micose, causas, sintomas e tratamento da micose, identificando o diagnóstico das micoses superficiais, cutâneas, subcutâneas, sistémicas e oportunistas, com dicas que pretendem contribuir para a prevenção da sua ocorrência.


terça-feira, 25 de setembro de 2012

Tipos de Micose

Existem vários tipos de micoses, dependendo do local afetado e do tipo de fungo. As micoses podem ser divididas em:

Cutâneas:
Sistêmicas:
Oportunistas:

Tratamento da micose

O tratamento da micose é orientado por um dermatologista, que indicará um tratamento vai depender do tipo de micose, depende do tipo de fungo, da extensão da lesão e do lugar do corpo onde ela aparece. De modo geral utilizam-se remédios de uso tópico, em pomada, creme ou spray, que resolvem o problema. Porém, existem situações em que a haverá necessidade de utilizar medicamentos por via oral ou associar os dois tipos. Deve-se evitar o uso de medicamentos indicados por outras pessoas, já que estes podem vir a esconder características que podem ser importantes para o diagnóstico correto da sua micose, o que dificultará o processo de tratamento. O tratamento das micoses é demorado (normalmente de 30 a 60 dias) sendo muito importante continuar o tratamento pelo tempo determinado pelo médico, mesmo que entretanto ocorra o desaparecimento dos sintomas. Em caso de interrupção do tratamento é comum os sintomas voltarem, já que a eliminação completa dos fungos não foi concluida. As micoses das unhas são as de mais difícil tratamento e também de maior duração, podendo tornar-se necessário manter a medicação por mais de um asno. A persistência é fundamental para se obter sucesso neste tipo de situações. Hábitos de higiene e mudanças simples no estilo de vida são determinantes para promover a prevenção da micose, como lavar bem as mãos, evitar contato direto com o solo, evitar usar sapatos fechados ou tecidos sintéticos.

Aspergilose

A aspergilose é uma doença multifacetada cujas manifestações clínicas são determinadas pela resposta imune do hospedeiro; podem se apresentar de forma alérgica, saprofítica ou invasiva. A aspergilose broncopulmonar alérgica caracteriza-se por asma corticoide dependente, febre, hemoptise e destruição da via aérea, que pode progredir para fibrose com faveolamento. O tratamento consiste da associação de corticosteroide e itraconazol. A aspergilose pulmonar invasiva requer documentação histopatológica e cultura positiva de material estéril para o diagnóstico. Possui pior prognóstico. O voriconazol apresenta melhor resposta terapêutica, proporcionando maior sobrevida e segurança do que a anfotericina B. A aspergilose pulmonar necrotizante crônica causa destruição progressiva do pulmão em pacientes com doença pulmonar crônica e leve grau de imunossupressão. O tratamento é realizado com itraconazol oral. A aspergilose pulmonar cavitária crônica causa múltiplas cavidades, contendo ou não aspergiloma, associadas a sintomas pulmonares e sistêmicos. O aspergiloma é caracterizado por tosse produtiva crônica e hemoptise em portadores de doença pulmonar crônica, associados a uma cavidade contendo massa arredondada, às vezes móvel, e separada da parede por espaço aéreo. A ressecção cirúrgica é o tratamento definitivo para ambas. Antifúngicos triazólicos promovem beneficio terapêutico a longo prazo com risco mínimo.

Criptococose

A Criptococose, também conhecida por Torulose, Blastomicose Européia, Doença de Busse-Buschke é uma micose sistêmica causada por um complexo de fungos patogênicos identificados no gênero Cryptococcus. Adquirida através da inalação de propágulos infectantes, inclui duas entidades clínicas distintas:
  • criptococose oportunística, cosmopolita, associada a condições de imunodepressão celular, causada por Cryptococcus neoformans var. neoformans e
  • criptococose primária, endêmica em áreas tropicais e subtropicais, ocorre em hospedeiros aparentemente normais, causada por Cryptococcus neoformans var. gattii.
Ambas causam meningoencefalite de base, de evolução grave, fatal, acompanhada ou não de lesão pulmonar evidente, fungemia e focos secundários para pele, ossos, rins, supra-renal, entre outros.

Histoplasmose

A histoplasmose é uma infecção fúngica sistêmica podendo apresentar-se desde uma infecção assintomática até a forma de doença disseminada com êxito letal. A grande maioria das infecções primárias (>90%) é assintomática. Alguns indivíduos apresentam formas semelhantes ao estado gripal, não requerendo assistência médica. O principal fator determinante no desenvolvimento dos sintomas é o tamanho do inóculo. Outros fatores como virulência do agente, faixa etária e doenças de base também contribuem para o aparecimento de sintomas. A infecção, quase sempre, é produzida pela inalação de microconídias da fase filamentosa do fungo. Estas penetram até o alvéolo pulmonar, onde são englobadas pelos macrófagos, iniciando-se a fase leveduriforme no parênquima pulmonar, invadindo, posteriormente, os linfonodos hilo-mediastinais e disseminando-se pela corrente sanguínea. Essa fungemia geralmente é assintomática, permitindo que o agente parasite todos os tecidos do sistema monocítico-histiocitário, a exemplo de pulmões, fígado, baço, linfonodos e estruturas linfáticas do tubo digestivo. A partir daí, a resposta tissular do hospedeiro contra a infecção vai determinar a extensão da doença.

Paracoccidioidomicose

A Paracoccidioidomicose (Pbmicose) é uma micose profunda causada por um fungo dimórfico, o Paracoccidioides brasiliensis. Esta doença sistêmica granulomatosa é endêmica de áreas tropicais e subtropicais da América Latina que compromete principalmente homens que vivem e/ou exercem atividades emáreas rurais, e que estão entre a segunda e quarta década de vida. Muitos estudos são realizados a fim de se compreender os vários aspectos do agente etiológico, mas pouco se sabe sobre seu micro-habitat, e as circunstâncias envolvidas para oestabelecimento da infecção humana. A infecção é adquirida mais comumente por inalação de propágulos infecciosos, presentes no solo, sendo tal forma ainda pesquisada, podendo haver também penetração pelas mucosas bucal, faringeana e intestinal. De acordo com estimativas, mais de 10 milhões de indivíduos são infectados com o fungo, dos quais 2% podem desenvolver a doença. No Brasil, estimativas indicam uma incidência anualde 1 a 3 casos em 100 mil habitantes em áreas com alto índice de endemia, com um coeficiente de mortalidade de 0,14 por 100 mil habitantes. Nos anos entre 1980 a 1995, a taxa anual demortalidade foi de 3,48 por milhão de habitantes o que fez com que a Pbmicose se destacasse como a quinta causa de mortalidade entre as doenças infecciosas e parasitárias predominantemente crônicas, apresentando a mais alta taxa de mortalidade entre as micoses sistêmicas. As manifestações clínicas e patológicas possuem uma ampla variedade, pois dependem de fatores microbianos e sua relação com a resposta imune do hospedeiro. As lesões mucosas podem variar de ulcerações orais isoladas a envolvimento pulmonarintersticial difuso. Dentre as lesões cutâneas são encontradas pápulas, vegetações, placas papulosas e abscessos. Muito frequentemente ocorre o enfartamento ganglionar múltiplo. Esse é caracterizado por um aumento progressivo dos gânglios que tendem a evoluir para necrose central, e posteriormente para fistulização. Os órgãos internos são comumente atingidos, podendo haver lesões nos pulmões, intestino, fígado, baço, supra-renais, sistema nervoso central e osteoarticular. Essas manifestações, conforme o grau de apresentação são classificadas em duas formas clínicas, a forma aguda ou juvenil, e a forma crônica ou adulta.

Candidíase

A Candidíase constitui um espectro de infecções causadas por fungos do gênero cândida, onde o agente mais comum é a cândida albicans, porém existem outras espécies de caráter importante, tais como, C. tropicalis, C. quillermondii, C. glabrata, C. krusei, entre outras que somam aproximadamente 200 diferentes espécies de leveduras, que vivem normalmente nos mais diversos nichos corporais, como orofaringe, cavidade bucal, dobras da pele, secreções brônquicas, vagina, urina e fezes, sendo amplamente distribuída na natureza, ocupando diversos hábitos, ao contrário de outras espécies do gênero, de distribuição limitada.

Dermatofitoses

Dermatofitoses ou tinhas são micoses superficiais (atualmente cutâneas) que, na sua expressão clínica mais característica, apresentam lesões cutâneas de contornos arredondados  em qualquer parte do tegumento cutâneo, mas preferindo certas regiões que emprestam à doença denominações próprias, como, por exemplo, “pé-de-atleta”, para a localização interdigital dos pés. No couro cabeludo também são características as lesões arredondadas chamadas tinhas tonsurantes. Uma definição que abranja todas as manifestações da dermatofitose é impossível. Basta lembrar a onicomicose dermatofítica, a tinha crostosa ou fávica, a tinha inflamatória ou Querion, tão diferentes nos seus aspectos clínicos. Do ponto de vista micológico, podemos dizer que a característica mais constante, mais típica, é a presença, nas culturas, do closterosporo ou macroconídio pluricelular.

Piedra Negra

Piedra Negra é uma micose que se caracteriza clinicamente pelo aparecimento, nos cabelos e raramente em outros pêlos do corpo humano, de nódulos endurecidos e de coloração escura. Trata-se de uma doença benigna, baixo contágio, caráter crônico, frequentemente recidivante que afeta ambos os sexos.

Piedra branca

Piedra branca é uma infecção crônica da bainha de pêlos pubianos, genitais e axilares, podendo também acometer o couro cabeludo, e as lesões podem ser removidas com facilidade puxando-as em direção à ponta dos fios. Nódulos brancos, moles, irregulares, compostos por hifas e artroconídios são formados em torno dos pêlos. Os nódulos se coram rapidamente com a coloração de Parker. O folículo piloso não sofre alteração, mas a pele subjacente pode estar afetada com lesões eritêmato-escamosas, sem bordas nítidas, úmidas e pruriginosas. Na região genital é observado sinergismo entre o Trichosporon beigelii e a bactéria Coryneform, participante da flora normal dessa região. Em pacientes imunodeprimidos o T. beigelii pode se disseminar e produzir lesões cutâneas pustulosas, nodulares, purpúricas ou necróticas. Tem como agente etiológico a levedura Trichosporon beigelii, mas a partir de estudos moleculares foram determinadas seis espécies de Trichosporon, T. ashii, T. asteroides, T. cutaneum (sinônimo de T. beigelii), T. mucoides, T. ovoides e T. inkin. As duas últimas espécies também estão envolvidas em casos de piedra branca e as demais espécies são responsáveis por pneumonites, infecções mucosas, endocardites, ceratites, hepatites, peritonites, etc. A piedra branca tem distribuição universal, com predileção por regiões temperadas e tropicais. No Brasil é alta sua freqüência na Região Norte. Ela afeta indivíduos de ambos os sexos e pode comprometer qualquer faixa etária. O Trichosporon beigelii habita solo, água e vegetais, como também já foi encontrado em macacos, cavalos e faz parte da flora normal da pele (principalmente área inguinocrural) e mucosa oral, porém o meio de transmissão permanece desconhecido. Observa-se que a piedra branca não está relacionada à falta de higiene ou abaixo do padrão socioeconômico e não tem transmissão sexual. Preconiza-se a diferenciação diagnóstica com piedra preta, que apresenta nódulo mais duro e aderente ao fio do cabelo, pediculose, tricomicose nodular axilar e anormalidades da haste do cabelo, como tricorrese nodosa e tricoptilose. Quando presente na área genital e comprometendo a pele subjacente, faz diagnóstico diferencial com dermatofitoses, candidíases e eritrasma.

Micose de Praia (Pitiríase versicolor)

Vulgarmente conhecida como "micose de praia" ou "pano branco", a Pitiríase versicolor é uma micose mas, ao contrário do que se pensa, não é adquirida na praia ou piscina. O fungo causador da doença habita a pele de todas as pessoas e, em algumas delas, é capaz de se desenvolver causando a doença. As áreas de pele mais oleosa, como a face e a porção superior do tronco são as mais atingidas. Quando uma pessoa com a micose se expõe ao sol, a  pele contaminada não se bronzeia. A doença então aparece na forma de manchas claras, pois a pele ao redor fica bronzeada, e a pessoa acha que pegou a doença na praia ou piscina. Entretanto, o Sol apenas mostrou onde estava a micose. Em alguns casos, as manchas podem ser castanhas ou avermelhadas. As lesões são recobertas por fina descamação.

Micose da virilha (Tinea cruris)

A Tinea cruris, micose que atinge a região da virilha, é causada pelo crescimento de fungos do gênero dermatófitos ou pela levedura Candida albicans nesta região. A anatomia da região da virilha favorece o crescimento destes microorganismos, devido à escuridão, calor e umidade características desta área do corpo. É mais frequente durante o verão, pois o aumento do suor, o uso de roupas de banho molhadas durante muito tempo e a umidade local a favorece. É frequentemente confundida com alergia ao tecido elástico das roupas de baixo ou de banho. A doença se manifesta pela formação de manchas avermelhadas, úmidas ou descamativas geralmente acompanhadas de muita coceira. Atingem a região da virilha mas podem se alastrar até as nádegas e o abdome.

Sintomas da micose cutânea superficial

Existem várias formas de manifestação das micoses cutâneas super?ciais, dependendo do local afetado e também do tipo de fungo causador da micose.
Alguns dos tipos mais frequentes:
  • Tinea do corpo (“impingem”): forma lesões arredondadas, que coçam e se iniciam por ponto avermelhado que se abre em anel de bordas avermelhadas e descamativas com o centro da lesão tendendo à cura.
  • Tinea da cabeça: mais frequente em crianças, forma áreas arredondadas com falhas nos cabelos, que se apresentam cortados rente ao couro cabeludo nestes locais (tonsurados).  É muito contagiosa.
  • Tinea dos pés: causa descamação e coceira na planta dos pés que sobe pelas laterais para a pele.
  • Tinea interdigital (“frieira”):  causa descamação, maceração (pele esbranquiçada e mole), fissuras e coceira entre os dedos dos pés.  Bastante frequente nos pés, devido ao uso constante de calçados fechados que retém a umidade, também pode ocorrer nas mãos, principalmente naquelas pessoas que trabalham muito com água e sabão.
  • Tinea inguinal (“micose da virilha, jererê”): forma áreas avermelhadas e descamativas com bordas bem limitadas, que se expandem para as coxas e nádegas, acompanhadas de muita coceira.
  • Micose das unhas (onicomicose): apresenta-se de várias formas: descolamento da borda livre da unha, espessamento, manchas brancas na superfície ou deformação da unha.  Quando a micose atinge a pele ao redor da unha, causa a paroníquia (“unheiro”). Altera a formação da unha, que cresce ondulada.
  • Intertrigo candidiásico: provocado pela levedura Candida albicans, forma área avermelhada, úmida que se expande por pontos satélites ao redor da região mais afetada e, geralmente, provoca muita coceira.
  • Pitiríase versicolor (“micose de praia, pano branco”):  forma manchas claras recobertas por descamação, facilmente demonstrável pelo esticamento da pele. Atinge principalmente áreas de maior produção de oleosidade como o tronco, a face, pescoço e couro cabeludo.
  • Tinea negra:  manifesta-se pela formação de manchas escuras na palma das mãos ou plantas dos pés. É assintomática.
  • Piedra preta:  esta micose forma nódulos ou placas de cor escura grudados aos cabelos. É assintomática.
  • Piedra branca: manifesta-se por concreções de cor branca ou clara aderidas aos pêlos. Atinge principalmente os pêlos pubianos, genitais e axilares e as lesões podem ser removidas com facilidade.

Micose superficial da pele

As micoses superficiais da pele são infecções causadas por fungos que atingem a pele, unhas e cabelos. Os fungos estão em toda parte podendo ser encontrados no solo e em animais. Até mesmo na nossa pele existem fungos convivendo conosco, sem causar qualquer doença. A queratina, substância encontrada na superfície cutânea, unhas e cabelos, é o “alimento” para estes fungos. Quando encontram condições favoráveis ao seu crescimento, como calor, umidade, baixa imunidade ou uso de antibióticos sistêmicos por longo prazo, estes fungos se reproduzem e passam a causar a doença.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Hialo-hifomicose

Hialo-hifomicose é uma infecção oportunista causada por fungos hialinos em hospedeiro imunocomprometido. Os Agentes etiológicos são qualquer fungo sapróbio hialino destacando-se o Aspergillus fumigatus, mais adaptado ao crescimento de 37 ºC. Os fungos são ubíquos, sendo o mecanismo de infecção a via inalatória. Há necessidade do hospedeiro apresentar imunodepressão. Clinicamente apresenta forma pulmonar (aspergilose), onde produz agressão tecidual por trombose.

Feo-hifomicose

A designação feo-hifomicose foi proposta por Ajello, em 1974, para denominar infecções cutâneas, subcutâneas e profundas, agudas ou crônicas, causadas por uma grande variedade de fungos escuros com exceção dos agentes da cromoblastomicose. Os principais agentes etiológicos são; Bipolaris oregonensis, Cladosporium bantianum e Exophiala jeanselmei.

Doença de Jorge Lobo

A doença de Jorge Lobo é uma micose de evolução crônica da pele e do tecido subcutâneo, caracterizada por lesões do tipo queloidiformes, verrucosas, nodulares e raramente por placas vegetanates, crostosas ou tumorais. Essa micose já foi descrita em brancos, negros e índios, não havendo evidências de maior suscetibilidade à infecção em determinado grupo étnico. Foi descrita pela primeira vez em 1930, em um paciente oriundo da região Amazônica, que apresentava lesões queloidiformes na região sacral. O professor Jorge de Oliveira Lobo, natural de Recife, Pernambuco, acreditou que o seringueiro apresentava uma nova enfermidade apesar da semelhança microscópica do agente com o P. brasiliensis e a denominou de blastomicose queloidiana. Depois disso, diversos autores descreveram a doença e nomes diferentes foram dados. Em 1940, Fonseca Filho & Arêa Leão, pela primeira vez, a denominaram Doença de Jorge Lobo. Outros nomes como Lobomicose, Blastomicose queloidiforme, Granulomatose blastomicóide, Blastomicose da Amazônia e Miraip foram usados. O agente desta doença é hoje denominado  Lacazia loboi, binômio introduzido por Taborda et al., em 1999, como uma homenagem ao Professor Carlos da Silva Lacaz, um ícone da história da micologia brasileira. A classificação taxonômica deste fungo sempre foi um desafio para os pesquisadores. Inicialmente classificado no gênero Glenosporella espécie loboi por Fonseca Filho e Arêa Leão em 1940, posteriormente, recebeu a classificação de  Blastomyces brasiliensis (CONANT & HOWELL, 1942),  Glenosporopsis amazonica (FONSECA FILHO, 1943), Blastomyces loboi (LANGERON & VANBREUSEGHEM, 1952), Loboa loboi (CIFERRI et al.,1956), Lobomyces loboi (BORELLI, 1958) e Paracoccidioides loboi (ALMEIDA & LACAZ, 1948). Essa micose é predominante na região Amazônica e afeta especialmente trabalhadores rurais que vivem em contato constante com a vegetação e o solo, como é o caso dos seringueiros desta região. Por não se tratar de doença de notificação compulsória, a sua real prevalência é desconhecida. O diagnóstico precoce desta doença pode significar  melhor prognóstico, pois não existe tratamento medicamentoso eficaz, sendo a remoção cirúrgica o tratamento mais utilizado, embora em muitos casos ocorra o aparecimento de novas lesões. O acompanhamento dos pacientes submetidos à exérese cirúrgica se faz necessário por longos períodos, antes de serem considerados como curados da micose.

Rinosporidiose

Rinosporidiose é uma infecção micótica submucosa, crônica, de evolução lenta e granulomatosa, causada pelo Rinosporidium seeberii. Essa infecção é caracterizada pela formação de pólipos vegetantes localizados, principalmente nas mucosas nasal e conjuntival. O fungo é um provável habitante de águas estagnadas, poços e açudes, sendo uma das possíveis vias de aquisição da infecção.

Zigomicose

Zigomicoses são micoses subcutâneas causadas por fungos das ordens Mucorales e Entomophthorales. Dentro dessa última, os fungos das famílias Entomophthoraceae e Basidiobolaceae têm importância médica, sendo causadores de zigomicoses (entomoftoromicose por  Conidiobolus coronatus  e C. incongruus; basidiobolomicose por Basidiobolus ranarum). Esses fungos são comumente encontrados no solo e nas folhas secas do chão, sendo a infecção decorrente da implantação de esporos inalados, juntamente com partículas do solo, sobre a mucosa nasal. Sabe-se que in vitro o fungo é capaz de produzir várias enzimas tais como elastases, esterases, colagenases e lípases, as quais podem estar envolvidas na patogênese da infecção. A entomoftoromicose causada por C. coronatus manifesta-se clinicamente como um infiltração granulomatosa crônica da mucosa nasal, estendendo-se para o tecido subcutâneo e pele da face contígua, sem delimitação de seu crescimento. Essa expansão tumoral produz sintomas como obstrução nasal e dor local, sendo freqüente a sinusite bacteriana, conseqüente ao processo obstrutivo presente. Chama a atenção, entretanto, a grande freqüência de deformidade facial, resultante de infiltração e edema da região. O diagnóstico é geralmente confirmado por cultura e pela visualização microscópica do fungo em material obtido da lesão. Histopatologicamente, a doença se caracteriza por infiltrado granulomatoso do tecido subcutâneo, contendo material eosinofílico hialino, no qual são visualizadas hifas grandes, não septadas (ou raramente septadas) de C. coronatus.

Micetoma

Micetoma é o nome coletivo de micoses produzidas por algumas espécies de fungos ou de actinomicetos aeróbios, os quais, nos tecidos, se organizam em um agregado de hifas ou filamentos bacterianos, denominados grãos. Os agentes de micetoma possuem habitat na natureza associado a vegetais, nutrindo-se de outros vegetais em decomposição ou como fitopatógenos. O micetoma eumicótico se distingue do actinomicótico por ser, causado por um fungo, enquanto o actinomicótico é causado por bactérias filamentosas. Os grãos, de tamanho e forma variados, podem ter coloração branco-amarelado, vermelha ou negra. O que caracteriza a cor de um grão é somente o fungo ou actinomiceto agente da doença. Por isso, a cor do grão obtido das lesões do paciente já fornece um indicativo de qual seja o agente do micetoma.